Gilmar Mendes manda soltar Paulo Preto, apontado como operador do PSDB

Ex-diretor da Dersa, estatal paulista responsável pelas rodovias,  foi preso em 6 de abril

BRASÍLIA – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar nesta sexta-feira Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apontado na Operação Lava-Jato como operador de propinas do PSDB. Ex-diretor da Dersa, estatal paulista responsável pelas rodovias, Paulo Preto foi preso em 6 de abril pela 5ª Vara Criminal Federal em São Paulo, a mesma que aceitou denúncia contra ele pelo desvio de R$ 7,7 milhões, entre 2009 e 2011, durante o governo de José Serra (PSDB). Em 20 de abril, Gilmar tinha negado outro pedido de liberdade

 

Gilmar alegou que a prisão preventiva foi decretada por supostas ameaças a outra acusada: Mércia Ferreira Gomes, que optou pela colaboração premiada e delatou Paulo Preto. Segundo ele, “está patente o constrangimento ilegal” da prisão. As três ameaças teriam ocorrido em 2015 e 2016, mas a prisão preventiva veio a ocorrer somente em abril de 2018.

“As três ameaças teriam ocorrido em via pública e são comprovadas apenas pelo depoimento de Mércia Ferreira Gomes. Na segunda oportunidade, ela teria sido empurrada. Nas outras duas, as ameaças foram verbais. Em nenhum dos casos, houve registro policial”, decidiu Gilmar.

Gilmar atendeu outro pedido para suspender uma audiência de Paulo Preto na 5ª Vara, marcada para a próxima segunda-feira, até que o juiz analise as respostas da defesa à acusação.

O operador foi acusado de incluir 1,8 mil falsos beneficiários de desapropriações em função das obras do trecho Sul do Rodoanel, da Avenida Jacu-Pêssego e das obras de ampliação da Marginal Tietê. As atividades de Paulo Preto junto às construtoras que venciam licitações em obras viárias no estado foram relatadas na delação de Adir Assad, antigo operador de propina em esquema de lavagem de dinheiro.

Assad era investigado desde 2012, mas sua rede só ruiu quando foi alcançado pela Lava-Jato, durante investigações sobre a Andrade Gutierrez, uma de suas principais clientes. Ele cobrava uma comissão para emitir notas frias a empresas que precisavam de dinheiro em espécie para fazer pagamentos ilegais.

Condenado à prisão, Assad fez acordo de colaboração em troca da redução de pena. Ele contou aos procuradores ter entregue malas de dinheiro diretamente a Paulo Preto, em imóvel que tinha até parede falsa para guardar recursos.

Autoridades suíças informaram à Lava-Jato que outra parte do dinheiro de Paulo Preto esteve no exterior: pelo menos 35 milhões de francos (cerca de R$ 113 milhões) passaram por quatro contas associadas à offshore panamenha Grupo Nantes S/A, tendo Paulo Preto como beneficiário.

Paulo Preto também foi mencionado na colaboração de executivos da Odebrecht. O ex-diretor de Infraestrutura Benedicto Júnior contou que o dirigente cobrou 0,75% do valor de um contrato de execução do Rodoanel, o que teria resultado em um pagamento de R$ 2,2 milhões.

https://oglobo.globo.com/brasil/gilmar-mendes-manda-soltar-paulo-preto-apontado-como-operador-do-psdb-22675720