Morte do jurista Hélio Bicudo comove o mundo jurídico
A morte do jurista Hélio Bicudo, aos 96 anos, enlutou o mundo jurídico e provocou intensas reações de pesar em todo o país. “Parte um herói brasileiro!’, escreveu a advogada Janaína Paschoal no Twitter, parceira de Bicudo no processo de impeachment da ex-presidente Dilma.
“Meus agradecimentos ao nosso grande Hélio Bicudo! Todo meu amor! Toda minha admiração! Toda minha gratidão! Sem ele, eu não teria conseguido. Que Dona Déa o receba com flores”, seguiu Janaína.
Bicudo morreu nesta terça-feira, 31, de complicações cardíacas, em São Paulo. Ele ingressou no Ministério Público de São Paulo em 16 de maio de 1947, instituição da qual se desligou em 3 de novembro de 1979.
Como promotor de Justiça nos anos 1970, atuou com destemor no combate ao Esquadrão da Morte – grupo paramilitar formado por policiais paulistas que, entre 1968 e 1971, eliminou sumariamente 168 supostos criminosos na periferia da Grande São Paulo.
“Homem de coragem, de fortes convicções e que sempre se pautou pela ética na sua dedicada trajetória de busca pela boa administração da Justiça, sempre será uma referência para todos os que militam no sistema de Justiça”, reverencia Marcos da Costa, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo.
Na vida política, elegeu-se deputado federal por São Paulo e foi vice-prefeito da cidade, na gestão Marta Suplicy. Nos anos 1980 foi um dos fundadores do PT, e, em 2015, tornou-se um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma.
A OAB/SP destacou que Bicudo ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco, em 1942, mesmo ano em que começou a trabalhar em um escritório de advocacia. Foi nomeado em 1959 chefe da Casa Civil do governo Carvalho Pinto, em São Paulo. Depois, foi ministro da Fazenda de João Goulart.
“Foi exemplo de luta pioneira pelos Direitos Humanos”, afirma Juliana Fincatti Moreira Santoro, advogada, mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela PUC SP e ex-presidente da Comissão Justiça e Paz São Paulo. “Na Comissão Justiça e Paz São Paulo ele personificou o combate das arbitrariedades da ditadura militar e sua destemida atuação trilhou várias fases da história política brasileira, com efetiva participação na redemocratização do Brasil.”
“Um nobre de alma, espírito e intelecto”, considera Maristela Basso, professora de Direito da USP. “Em tempos obscuros e incertos, o Brasil perde um farol.”
“Lamento a morte do jurista Helio Bicudo, que deixou um importante legado na defesa dos Direitos Humanos, como no combate ao Esquadrão da Morte da ditadura militar, na conquista dos direitos civis e sociais na Constituição Federal de 1988, e no enfrentamento da violência policial”, depõe Ariel de Castro Alves, advogado, ativista dos direitos humanos, membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Condepe-SPiz . Suas palestras e aulas foram fundamentais pra minha formação na área de direitos humanos. Ariel de Castro Alves, advogado, ativista e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Condepe- SP.
O advogado Nelson Wilians, do NWADV, declarou. “Uma grande perda para nossa sociedade. Um homem que se preocupava não apenas com o Direito, mas com a aplicação da Justiça em primeiro lugar. Deixa um grande exemplo como advogado e cidadão.”
Daniel Leon Bialski, do Bialski Advogados, disse que ‘o Brasil perdeu um ícone que sempre na sua trajetória bradou em prol dos Direitos Humanos e da ordem, seu legado é perene’.
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