Aliados de Atila tentam em vão tranquilizar secretários

Com o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), na prisão da superintendência regional da PF (Polícia Federal), em São Paulo, aliados mais próximos organizaram uma reunião entre secretários municipais nesta segunda-feira (14). O objetivo era informá-los da situação que levou o socialista à cadeia e tranquilizar o primeiro escalão quanto ao cenário futuro. Entretanto, a desconfiança e o pessimismo seguiram no governo.

 

Atila está atrás das grades por meio da Operação Prato Feito, conduzida pela PF e que investiga fraudes em 30 prefeituras do Estado nos serviços de merenda, uniformes escolares e materiais didáticos. O prefeito foi pego em flagrante na sua residência com R$ 87 mil em espécies não declarados, enquanto secretário de Governo e de Transportes, João Gaspar (PCdoB), foi detido por R$ 588,4 mil e € 2,9 mil (euros). Ambos são suspeitos de lavagem de dinheiro.

 

A reunião no Paço foi liderada por integrantes do núcleo de confiança de Atila: o próprio pai e presidente da Câmara dos Vereadores, Admir Jacomussi (PRP); chefe do Gabinete e secretário de Comunicação, Márcio de Souza; e o superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Israel Aleixo. Esse foi o primeiro encontro do secretariado desde a prisão do prefeito no dia 9.

 

Durante a discussão, o núcleo duro de Atila tentou passar confiança aos demais secretários, de que o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) concederia o habeas corpus a Atila o quanto antes, para sua soltura na sede da PF. O advogado do prefeito Daniel Bialski defende que as notas apreendidas pelos agentes federais são legais e vêm do salário de chefe do Executivo, alugueis de imóveis da família e da pensão do filho.

 

Mesmo com o esforço, o clima de insegurança não mudou no primeiro escalão. Segundo fontes consultadas pelo RD, não há consenso de que o STJ cederá o habeas corpus a Atila tão certamente quanto o trio de confiança do prefeito tentou passar na reunião. O pedido somente foi protocolado às 16h desta segunda-feira no órgão e terá o ministro Rogério Schietti como relator e uma decisão deve ocorrer até quarta-feira (16).

 

Também não ajuda no otimismo o parecer do desembargador do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) Maurício Kato, que decretou prisão preventiva de Atila e o atrelou a uma organização criminosa. Já no relatório da Operação Prato Feito, a delegada da PF Melissa Maximino afirmou que Gaspar recebeu R$ 138 mil de Carlos Zeli Carvalho, conhecido como Carlinhos, um dos integrantes do cartel investigado, para repassar ao prefeito por favorecimentos em Mauá.

 

Quanto mais tempo Atila passa encarcerado na sede da PF, maior se torna a insegurança tanto no governo como na base aliada no Legislativo. Inicialmente, havia a confiança de que o TRF-3 concederia liberdade ao prefeito, porém, ao invés disso, o desembargador mudou a prisão de temporária para preventiva. Depois, um otimismo por desfecho, mesmo que momentâneo, nesta segunda-feira, o que também não ocorreu.

 

Se o tempo é inimigo de Atila, o mesmo não pode se dizer para família da vice-prefeita Alaide Damo (MDB), esposa do ex-prefeito Leonel Damo (sem partido). Por ora, secretários e vereadores ainda acham precoce a consolidação por um cenário de impeachment, porém, admitem que Mauá não pode seguir por mais dias sem prefeito. Caso o pedido de habeas corpus seja rejeitado pelo STJ, a posse da número dois do Paço no comando do governo seria inevitável.

 

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